sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Currículo... curricular... construído...!!

    A história é uma construção e como uma construção ela é passível de transformações, ao longo do tempo mudamos a forma de considerar a história, a forma de vê-la e de interpretá-la e essas mudanças são compreendidas atreladas as sociedades onde estão inseridas e as necessidades de seus participantes.
   Assim também se transformaram os meios de comunicação, as roupas intimas e os conceitos relativos à educação...
    A própria idéia de educação e de como educar também se transformou.

   Esses devaneios tem como objetivo – meio torto – de introduzir a transformação do conceito de “currículo”, um conceito que parece burocrático, mas que é resultado de toda uma construção e atuação...
   Se antigamente currículo significava apenas a grade disciplinar de uma instituição, hoje passa por formas de enxergar e interpretar a sociedade dentro do processo educacional.
   O currículo já foi oculto, critico ou engajado e hoje nos deparamos com contextualizações contemporâneas que têm varias formas de conceber o currículo a partir de problematizações criticas diferentes e que, diferente do que se habituou a crer, não são apenas destrutivas, e sim propositivas.
  Trago aqui o exemplo da questão étnico-racial sobre o currículo. Enquanto se celebra as diversidades e se faz um processo de somar todas as diferenças existentes na sociedade, criando um currículo multiculturalista, multifacetado e multicolorido, a problematização étnico-racial busca expor as diferenças como uma construção histórica e política e a intima relação entre o saber e o poder.
 Pensar a questão étnico racial no currículo é encará-las como uma questão de representação de representação, e as representações são dependentes das relações de poder, logo é necessário, para alterar as representações, “reorganizar” as relações de poder. Historicizar os conceitos é uma alternativa, pois assim a sua construção torna-se mais tangível, e percebemos que são conceitos sujeitos a manipulação e que se ressignificam dentro do momento histórico e de acordo com as representações hegemônicas.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Professor Historiador



   Quando se faz um curso de bacharelado e licenciatura teoricamente há a escolha entre lecionar ou atuar enquanto pesquisador, contudo no espaço da história, que no Brasil não possui a função de historiador reconhecida, e onde a cultura patrimonial ainda esta sendo “descoberta”  ouvimos se repetir o discurso de que estamos fadados a ser professores, não nosso fardo é maior ainda, ser professores numa escola publica onde o teto esta desabando, onde os alunos se esfaqueiam e os professores vendem drogas.
    O quadro descrito me lembra o filme “Lean on Me” ou na tradução em português “Meu mestre, minha vida”, mas a vida real é muito mais complexa e dinâmica do que um filme, não existem nas salas de aula reais alunos bonzinhos e alunos malvados, professores heróis e professores vilões.
    Na vida real existem alunos desmotivados, negligenciados pelos pais e o com dificuldades de aprendizagem, alunos que possuem condições estruturais mais favoráveis, professores sindicalizados e que ainda possuem sonhos utópicos e professores desmotivados, desacreditados com o baixo salário e o pouco ou nenhum reconhecimento.
    Bom, mas o foco hoje é o professor, e embora ainda não tenha ficado explicito, o professor de história. Primeiro devemos compreender que todo professor de história é também um historiador, assim como todo historiador deveria ser também professor.
Segundo, o professor de história possui um papel importante no papel de socialização comentado no post anterior, como já foi lembrado brevemente aqui nesse blog.
    Os jovens hoje se perguntam, “para que estudar história se já é tudo passado?”, eles possuem uma relação distante com a disciplina de história pois não vêem conexões entre ela  e o mundo onde vivem atualmente. E é ai que entra o professor de história...
  O professor de história deve buscar aproximar esse passado tão remoto da realidade de seus alunos, mostrar a eles que muitas questões atuais eram discutidas antigamente e que esses povos e acontecimentos antigos na verdade estão mais próximos do que pensamos.
  O professor historiador – no sentido de que constrói a história quando organiza seus conteúdos a ser ensinados e no próprio processo de transmissão e troca em sala de aula – é peça chave na transmissão da memória social e a través de sua disciplina pode levar os alunos a perceber que até mesmo essa memória social sofre alterações intencionais para servir determinados interesses, muito mais do que somente transmitir a memória social o professor de história leva os alunos a questioná-la e se tornarem conscientes que também estão inseridos nessa memória, assim como na história.
  O professor historiador também transmite valores que influenciam o comportamento e atitude dos alunos – na verdade esse é um papel que todos os professores cumprem – mas o professor historiador na disciplina de história tem a possibilidade de discutir a alteração desses valores no tempo e no espaço, como se dá essa mudança e por que.
  Dentro do papel de socialização assumido pela escola o professor de história se torna vital quando ele entende que para além de decorar datas, fatos e historinhas engraçadas sobre os grandes personagens históricos, ele tem a prerrogativa de tornar seus alunos conscientes e atuantes no processo histórico, cabe a ele desmistificar a idéia de grandes atores históricos e impulsionar os alunos a construir sua própria história.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Escola para que?

      Todos esperam algo da escola, que eduque seus filhos, que capacite trabalhadores, que ensine regras, que transforme gerações, que mude o mundo...
Existem os que anunciam o fim da escola, por ser uma estrutura retrograda, os que defendem sua remodelação e os que persistem na importância de sua função social.
        Afinal, para que serve a escola?
      A escola cumpre o papel de socialização dos saberes da sociedade, mas se engana quem pensa ou diz por ai que isso se restringe a um doutrinamento ideológico e reprodução da sociedade, o processo de socialização é complexo e abrangente.
      Para além da mera transmissão do conteúdo, a escola abarca trocas e interações pessoais, intercambio de ideias e uma própria cultura escolar. A escola insere as pessoas da sociedade civil organizada, mas busca incutir criticidade e  dimanismo à esses novos seres públicos.
Insisto do que já dizia no post anterior, por mais que nos tempos atuais as crianças tenham acesso a informação de todos os modos, por todas as mídias e nas suas interações pessoais, a escola, assim como o professor possuem função mediadora na assimilação e compreensão dessas informações e na transformação destas em saber disciplinar.
      O que é necessário é que a escola se abra para interagir com as transformações da sociedade, não no sentido de mergulhar no mundo digital e dos aparatos eletrônicos, em prol de informações rápidas e dinâmicas, mas no sentido de dialogar com as mídias que hoje em dia fazem parte do dia a dia das crianças, no sentido de reconhecer que não é mais a única detentora e transmissora de informação, e principalmente no reconhecimento da pluralidade que compõe a sociedade e o seu corpo dissidente.
    A escola enquanto instituição precisa compreender que seus alunos possuem diferentes origens, diferentes formas de aprendizado, diferentes necessidades, e que o discurso homogeneizador e meritocrata não é mais suficiente, na verdade, duvido muito que algum dia o tenha sido, pois esse discurso cabia apenas para perpetuar as desigualdades existentes na sociedade, quando o papel da escola deve ser transformador.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Para que serve professor?

    A sociedade possui como característica inerente a transformação e ao longo da história a sociedade assumiu diferentes atitudes e modos de vida. Atualmente a agilidade, a instabilidade e a inconstância  são elementos presentes, tanto as formas de comunicação, e até certo ponto, de relacionamento se alteraram,  a informação está por toda a parte, e a escola, assim como o professor têm constantemente suas funções questionadas pelos jovens. Mas é nessa “era da informação” que o papel do professor se torna fundamental.
   Os jovens são metralhados com informações a todo o instante, pelo rádio, pela TV, pela internet, mas o que muitos desconhecem ou ignoram é que informação e conhecimento não são sinônimos, e o papel do professor é auxiliar os alunos no processo de transformação da informação em conhecimento.
    Para isso o professor precisa tornar o conhecimento, nesse caso a História, próximo dos jovens. O jovem precisa ver sentido em estudar a história, e o professor entra em ação partindo da realidade dos seus alunos, dos elementos que estão presentes em suas vidas, das questões que lhes interessam ainda hoje para dialogar com o passado, um passado que não é estanque e que não é feito somente dos grandes homens, mas de pessoas comuns, que no fim, não são tão distantes de nós. 



PINSKY, Jaime, PINSKY, Carla Bassanezi. Por uma história prazerosa e conseqüente. In: História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2003, p. 17-36.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Por que esse nome?

Passei alguns dias debruçada sobre a difícil tarefa de encontrar um nome para este blog, ao fim de tanto esforço optei por "De Paidéia a Clio" e acredito que vocês merecem uma explicação.

Paidéia é um conceito de formação que surge na Grécia antiga a partir do século V a.C. e tem como objetivo construir o homem como homem e como cidadão. Platão define Paidéia como “... a essência de toda a verdadeira educação ou Paidéia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento”.

Clio é a musa da História, é filha de Mnemósines com Zeus e neta de Cronos , as duas juntas têm por função impedir que Cronos, o tempo, devore todas as coisas.

A educação e a história sempre andaram juntas, na verdade a história esta em toda a parte, e a educação para formar pessoas conscientes, criticas e atuantes na sociedade é, ou ao menos deveria ser, o objetivo de todo educador, e é esse o horizonte que almejo.

Talvez seja uma pretensão, mas a educação é feita de pretensões e utopias...

Bom, estão convidados a adentrar meu mundo de devaneios e dividir comigo os conflitos, duvidas, posicionamentos e discussões de uma educadora em         formação.                                                                                                                      
                                                      
Obra: Clio de Pierre Mignard - 1689